Num contexto urbano onde excesso, tempo e velocidade são fatores dominantes, damos importância apenas aos pontos de partida e destino. O percurso é, para muitos, perda. Nosso olhar, saturado, transforma a cidade em algo homogêneo e seus elementos se tornam banais. Abandonando essa não-percepção do entorno, passamos a enxergar valor em elementos que nos cercam no dia-a-dia.

O que antes não tinha significado, era só mais um acúmulo, passa a ser relevante. Esse é o caso da caçamba de entulho. Ela contém um lixo não-efêmero, repleto de memórias e significação. São portas, armários, objetos que compõem qualquer casa e que, por terem sido testemunhos do cotidiano das casas que habitavam, carregam em si uma memória-muda daquela rotina.